outubro 20, 2025

Quando me dei conta, descobri ser filha do grande mago - Capítulo Único

Capítulo 00

A Bruxa dos Olhos do Arco-Íris

As vaias e o calor sufocante da multidão reunida na praça me alcançavam em ondas densas. Era uma pressão muito mais intensa e muito mais real do que o próprio calor do verão.

Fui arrastada escada acima até o cadafalso e, descalça, forçada a ficar sobre a plataforma coberta de pedrinhas afiadas.

Era a praça principal da capital do Reino de Grandia Licoris. Diante da imensidão da multidão, senti a consciência vacilar.

Alguns dos que estavam ali me olhavam com pena. Outros, com prazer cruel. Mas, dentro de mim, tudo era vazio. Afinal, eu iria morrer de qualquer forma.

— Fiona. — A voz soou ao meu lado, fria e distante. — Há algo que queira dizer antes do fim?

Quem perguntou foi o meu antigo noivo o príncipe-herdeiro Reinhardt.

Tentei mover os lábios ressecados e rachados, mas percebi que seria inútil. Ele não ouviria nada que viesse de mim.

Naquele baile de aniversário do príncipe anterior, Reinhardt rompeu o noivado diante de todos. Ao seu lado estava Olivia Büsser, filha de um visconde, que me lançava um olhar de desdém.

Naquela noite, eu deveria ter sido escoltada pelo próprio príncipe. Mas ele jamais apareceu. Quando decidi ir sozinha ao salão, encontrei-o lá sorrindo, de braços dados com Olivia.

E então, diante da corte reunida, ele anunciou as acusações absurdas que justificariam o rompimento. Nenhuma delas era verdade. Mesmo assim, todos acreditaram.

“Por isso, decido romper meu noivado com Fiona e assumir um compromisso com a bondosa Olivia!”, declarou.

O mundo escureceu diante dos meus olhos.

Por quê?
Por que eu?

Não consegui acompanhar o absurdo da situação. A dor, a raiva e a traição me esmagaram, e meus joelhos cederam.

O ar me faltou.
Comecei a tossir, agarrando-me ao chão de mármore.

Minha sombra se expandiu. Uma fumaça negra, densa e viva, começou a se erguer do meu corpo, devorando tudo ao redor.

“Magia em colapso! Fujam!” — alguém gritou, e o salão mergulhou no caos.

As pessoas se empurravam para alcançar as portas, amontoando-se como formigas em pânico.

“O mago dos Olhos do Arco-Íris está em fúria!”

Assim eram chamados os poucos magos que possuíam íris de sete cores um sinal de poder descomunal.

A minha escuridão engoliu o salão, e a explosão que se seguiu devastou metade da capital.

Recordar isso agora me traz apenas um riso amargo.

Sim, eu poderia culpá-lo. Mas, no fim, fui eu quem perdeu o controle. Fui eu quem matou.

Entre o público, reconheço rostos familiares meus pais adotivos, que me abandonaram à própria sorte. Observam-me com desprezo.

Sou empurrada de bruços contra a madeira fria. Sinto a presença da lâmina suspensa sobre mim. Nem mesmo a posição desconfortável me incomoda mais.

Os gritos da multidão se confundem num coro ensurdecedor: “Matem! Matem! Matem!”

Fecho os olhos com suavidade.

…Ah. Eu só queria… ver minha verdadeira família, pelo menos uma vez, antes de morrer.

No instante em que esse desejo tomou forma, o som de um vidro se estilhaçando ecoou ao meu redor.

◇◆◇

Abri os olhos num sobressalto. Pisquei várias vezes, sem entender onde estava.

Olhei em volta era o meu quarto.

Sentei-me de repente.
— Estou viva!?

Segurei a gola da camisola, e percebi que minhas mãos eram pequenas… demais. E meu peito já modesto antes agora era praticamente plano. Soltei um grito.

A criada, Magra, entrou às pressas.
— Senhorita! O que aconteceu!?

— Magra… meu peito…

Ao ouvir minha lamentação, ela suspirou, entre divertida e confusa.
— O que está dizendo? Teve um sonho esquisito? A senhorita acabou de completar seis anos. Não existe menina de seis anos com seios de dama!

— Hã… seis anos…?

Peguei o espelho sobre a mesa e encarei o reflexo.

Uma garotinha de rara beleza me observava de volta. Cabelos loiros até as costas, olhos multicoloridos olhos de arco-íris. Pele alva, feições delicadas.

— Eu… encolhi!?

Toquei as bochechas macias, atônita.
Era eu dez anos mais jovem.

— O que… o que está acontecendo?

Tentei me convencer de que tudo não passava de um sonho, mas era real demais. Minhas memórias todas as de dez anos à frente estavam intactas.

Eu tinha voltado no tempo.

Não sabia como. Nunca ouvira falar de uma magia capaz de tal coisa.

Mas uma coisa era certa: daqui a dez anos, seria repudiada pelo príncipe e executada como criminosa.

E eu jamais aceitaria esse destino.

— …O que devo fazer?

Pensei em todas as possibilidades. O pior de tudo fora perder o controle da magia. Eu havia estudado para ser uma maga, mas o treinamento de contenção fora insuficiente.

— Também não quero mais ser noiva do príncipe.

Na época, meu noivado fora político, mas, mesmo assim, eu o admirava. Hoje, essa admiração não passava de cinzas.

Preferia enfrentar o inferno a ter de vê-lo novamente.

Mas meus pais adotivos — ambiciosos como eram certamente tentariam me empurrar de volta para o noivado, para garantir laços com a família real.

Então me veio um pensamento.

— Talvez… eu devesse procurar meu verdadeiro pai.

Pouco antes da execução, minha madrasta em meio a insultos revelou a verdade: eu não era filha de sangue dos Browns. Meu verdadeiro pai era o Grande Sábio, Agart Ritter.

Diziam que ele vivia recluso na Floresta Maldita, um homem cruel e excêntrico. Ainda assim, minha mãe Jane Boran, filha de um estalajadeiro apaixonou-se por ele numa única noite. Dessa união, nasci eu.

Mamãe morreu quando eu tinha três anos, vítima de uma doença. Uma antiga conhecida minha atual madrasta me acolheu, mas não por bondade. Ela mantinha um caso com o conde Brown e, ao ser rejeitada, matou a esposa legítima dele, fingindo que eu era sua filha com o conde.

Por causa dos meus olhos de arco-íris, foi aceita como nova condessa.

Cresci como filha do conde, mas sempre fui tratada com frieza. Ele, talvez, soubesse a verdade.

No fim, eu não passava de uma peça em um jogo político.

Cerrei os punhos.
Naquela noite, eu fugiria.


◇◆◇

A noite era densa e aterrorizante.

Preparei uma mochila com roupas, água e comida para alguns dias e um pouco de dinheiro. Esperei sob as cobertas até que a lua alcançasse o zênite.

Fiquei diante da janela, olhei o quarto iluminado pelo luar e murmurei:
— Me desculpem… e adeus.

Deixava para trás minhas bonecas, meus poucos afetos e os poucos criados gentis.

Abri a janela, murmurei o feitiço de voo e saltei.

Aterrissei suavemente, verifiquei o entorno ninguém me vira.

Apliquei um feitiço de leveza nos pés e avancei.

Corri pelas ruas de pedra, saltei o muro do condado e, logo, deixei a capital para trás.

Graças às memórias do futuro, eu sabia como escapar. Nenhuma criança de seis anos dominaria tal magia mas eu, sim.

— Para a Floresta Maldita…

Horas depois, o bosque surgiu à minha frente vasto e sombrio. Diziam que quem entrava ali jamais voltava. Engoli em seco e adentrei.

Os sons da noite folhas secas sendo pisadas, o murmúrio distante de um riacho me fizeram tremer.

— Papai…

Agart Ritter. Que tipo de homem seria ele?

Um herói da guerra passada, capaz de destruir exércitos sozinho. Um eremita. Um monstro que, segundo boatos, comia carne de criatura crua.

Afastei os pensamentos sombrios e continuei.

— Onde está você, Agart Ritter…?

Foi então que o ar diante de mim ondulou.

— Uau…

Um portal grande como um espelho se abriu, revelando outra paisagem: uma casinha de tijolos, de dois andares, iluminada por uma lamparina.

Um convite?

Pisei adiante, e o portal se fechou atrás de mim.

Atravessei o jardim até a porta e toquei a campainha.

Silêncio. Toquei de novo.

Um estrondo ecoou lá dentro, como se algo tivesse desabado.

A porta se abriu e dois insetos negros, com longas antenas, correram pelos meus pés.

— Hiiiii!

Dei um pulo, apavorada.

— …Por que está dançando sozinha? — perguntou uma voz masculina.

Ergui o olhar.

Um homem de cabelos dourados até os ombros e olhos de arco-íris me observava. Belo, embora com olheiras profundas e barba por fazer. Camisa amarrotada, calças surradas.

Era ele.

Inclinei-me, segurando a saia.
— Muito prazer. Sou Fiona Brown, filha adotiva do conde Brown. Vim encontrar meu verdadeiro pai.

Os olhos dele se arregalaram. Após um breve silêncio, passou a mão no queixo e suspirou.

— …Entre.

A casa era um caos. Pilhas de lixo amontoavam-se pelos corredores, deixando espaço apenas para uma pessoa passar.

Senti o mundo girar.
Meu pai… era um acumulador.

O medo que eu tinha das feras da floresta era nada diante da sujeira daquela casa.

Fui levada até uma sala que servia de cozinha e sala de estar. Apesar da bagunça, o espaço era amplo.

Ele afastou papéis e instrumentos mágicos de uma mesa improvisada e me convidou a sentar. Murmurou algo, e o copo sujo em sua mão se purificou instantaneamente.

Claro — feitiço de limpeza.

Entendi então por que as roupas dele pareciam limpas, mesmo sem traço de organização.

— Água — disse ele, girando uma alavanca sobre a pia.

Da torneira saiu um fluxo cristalino.

— I-isso… como é possível!?

Ele respondeu com naturalidade:
— Liguei uma fonte subterrânea a um círculo de teleporte. As runas gravadas nos tubos purificam o líquido.

— Incrível…

Ele era, de fato, o Grande Sábio.

Mas nem mesmo magia alguma podia livrá-lo da desordem.

Sentou-se diante de mim.
— Então… você disse ser minha filha.

Endireitei-me na cadeira.
— Sim. O nome Jane Boran lhe é familiar?

Contei tudo inclusive o que aconteceria dez anos depois.

Quando terminei, ele cobriu os olhos com a mão e soltou um suspiro pesado.
— …Então Jane morreu.

Havia carinho e arrependimento em sua voz.

Olhei-o em silêncio, tentando enxergar nela um reflexo da minha mãe.

O silêncio se prolongou.

— O senhor acredita em mim? — perguntei, com a voz trêmula.

Ele assentiu.
— Seu corpo carrega vestígios da minha magia. O feitiço que a trouxe de volta foi um dom que dei a Jane, para que pudesse recomeçar se algo terrível acontecesse. Ela não o usou por si… deixou-o para você.

As lágrimas brotaram sem aviso.

— N-não chore! — ele se atrapalhou. — Não sei lidar com crianças chorando!

Ajoelhou-se diante de mim e tentou secar meu rosto com a manga, sem delicadeza alguma.

— Não há dúvida de que é minha filha. Sua aura mágica é igual à minha. E os olhos… os olhos do arco-íris são a prova disso.

Assenti, fungando.

— Então… o que deseja de mim? — perguntou, cauteloso.

“Quero morar com você”, pensei. Mas não tive coragem de dizer.

E se ele me rejeitasse?

Pensei em meus pais adotivos. Nenhum adulto mantém por perto algo que não lhe é útil.

Olhei ao redor e tive uma ideia.

— Não sei controlar minha magia. Foi por isso que destruí tudo, no futuro. Quero aprender. Por favor… deixe-me ser sua aprendiz.

— Minha aprendiz?

Ele arqueou as sobrancelhas, surpreso.

Curvei-me em reverência.
— Sim! Posso cozinhar, limpar… o que for preciso!

Após um momento de silêncio, ele bagunçou o próprio cabelo e suspirou.
— Eu não costumo aceitar discípulos… mas tudo bem. Pode ficar.

E assim, começou nossa vida juntos.

~Fim~ 

Quando me dei conta, Eu era a filha do grande mago (Novel)

A filha do grande mago 


Informações:

Formato: Web Novel  (🇯🇵)
Gêneros: slice of life, Shoujo, retorno após a morte
Autor:  高八木レイナ
Artista: N/A
Ano: 2024
Status: Concluído
Nomes Associados: 気づいた時には大賢者の娘になってい

Sinopse:

Após o término do noivado, ela pensou que seria executada, mas se viu voltando à infância...!? 

Capitulo:


Licencia Creative Commons
Essa obra está sobre uma Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Vendas virtual e impressão proibidas.

Vou viver como uma Vilã - Capítulo 01

Capítulo 01

“Fique em Erel até que o círculo social se acalme a seu respeito. Não há ninguém por lá. É o melhor lugar para passar despercebida e evitar qualquer problema.”

Quando os rumores se espalharam por todo o reino de que eu havia tentado assassinar Catherine, o duque de Oberon me enviou para Erel, uma das propriedades da família.

Foi uma ordem bastante repentina, mas não me surpreendeu nem um pouco.

Na obra original, o duque tomou exatamente a mesma decisão enviou Everia para Erel.

“Está acontecendo um pouco mais rápido do que na história original.”

Originalmente, Everia não admitia sua culpa e se agarrava desesperadamente até o fim, mas acabou sendo expulsa da sociedade após o príncipe anunciar publicamente o rompimento do noivado.

Somente depois desse escândalo ela partia para Erel.

Mas, desta vez, fui eu quem suspendeu o noivado e abandonei a sociedade por vontade própria.

Erel era uma pequena propriedade localizada no extremo norte do reino um lugar frio e afastado, ideal para que uma nobre de saúde frágil passasse o tempo em reclusão.

Se fosse a verdadeira Everia, sentiria vergonha e humilhação só de pisar ali.

Mas, por infelicidade do duque e sorte minha, a “nova” Everia estava longe de ser uma dama delicada.

O norte do país? Para mim, era o cenário perfeito para uma vida tranquila e preguiçosa.

Além disso, não haveria espiões de Catherine me vigiando. Não parecia um castigo era quase uma recompensa.

Pelo menos foi o que pensei.

“E-está… frio!”

Erel era gélida.

Terrivelmente fria.

Mais fria do que eu jamais poderia imaginar. Mesmo sentada dentro do quarto, o ar parecia cortar minha pele, e eu tremia sem parar.

Apesar de estar dentro de casa, usava um casaco espesso e ainda me enrolava em uma manta.

Nada disso adiantava contra aquele frio absurdo.

A essa altura, eu já duvidava que a morte de Everia tivesse sido suicídio.

Não  nem era dúvida.

Ela certamente teria congelado até a morte neste lugar.

“Ninguém… ninguém conseguiria viver assim… é frio demais…”

Incrédula, virei-me para Emma, a criada que estava ao meu lado.

Minhas mandíbulas tremiam, e eu mal conseguia articular as palavras. A serva, vestida apenas com um uniforme simples, parecia absurdamente calma diante daquele clima mortal.

“Sentirá-se melhor se tomar um chá quente, minha senhora.”

“Beber uma xícara de chá não… não vai ajudar ninguém, Emma. Tem certeza de que não está com frio?”

Tremendo, levei a xícara aos lábios. O calor do chá me deu algum alívio passageiro, mas real.

Mesmo assim, o frio persistia, penetrando ossos e pensamentos. Eu tinha certeza de que logo pegaria um resfriado.

“Também sinto frio”, admitiu Emma. “Mas nasci e cresci em Erel. Todos os criados daqui já estão acostumados. À noite é insuportável, mas, durante o dia, ainda é… quente.”

“Quente? Se isso é quente, então vou… morrer congelada antes que chegue a noite.”

Morrer congelada antes mesmo de ter começado a viver. Ridículo.

“Preciso fazer alguma coisa.”

Olhei ao redor, desesperada. Havia uma lareira no canto do quarto. Uma centelha de esperança.

“Por que não estamos usando a lareira? Acenda-a agora mesmo.”

“Perdão, minha senhora. Não há lenha suficiente para manter o fogo aceso. Usamos o que resta na cozinha apenas para ferver água. É uma sorte podermos preparar chá quente.”

“O quê?”

Aquilo era absurdo.

Mesmo em uma região rural, uma propriedade pertencente a um duque deveria ter suprimentos básicos.

Emma abaixou a cabeça, constrangida ao notar minha expressão indignada.

“A madeira que cresce em Erel vem das árvores de ferro-negro, resistentes ao frio. Mas são tão duras que mal pegam fogo. Por isso, não servem para queima.”

“Então, por que não compramos lenha de outra propriedade?”

“O fornecedor que atendia nossa região era Ocal. Mantínhamos relações comerciais há mais de cem anos, mas, recentemente, eles encerraram o contrato de forma abrupta. Desde então, todas as propriedades do território estão em apuros.”

Emma continuou, claramente envergonhada:

“Não é fácil conseguir novos contratos. O mordomo está se esforçando para encontrar outro fornecedor, mas levará algum tempo.”

Negócios baseavam-se em confiança.

Mas romper, de repente, um acordo que durava mais de um século?

Devia haver uma razão por trás disso.

E, neste mundo, onde a hierarquia era mais poderosa que a lógica do mercado, romper um contrato com um duque não era algo simples.

“Erel é propriedade do duque. Nenhuma loja ousaria encerrar um contrato unilateralmente. Deve haver algo por trás.”

Emma hesitou, mas, diante do meu olhar insistente, acabou confessando:

“O fornecedor Ocal pertence à família do conde de Meliol. Então…”

Assim que ouvi o nome, uma imagem me veio à mente o príncipe Ridon, um dos peões de Catherine.

A família materna dele era justamente Meliol.

Embora seu prestígio não se comparasse ao de Oberon, ainda era uma casa nobre ligada à realeza.

Seria difícil para o duque retaliar alguém com conexões tão altas.

“Então é isso…”

“Eles encerraram o contrato há cerca de uma semana”, disse Emma.

“Claro. O príncipe deve ter apoiado essa decisão.”

Era óbvio: Ridon cortou o fornecimento apenas para prejudicar Everia a mulher que tentara matar sua preciosa Catherine.

Exatamente o tipo de atitude que Ridon Zerette teria.

No romance original, ele era o primeiro príncipe, mas o título de herdeiro passara ao irmão mais novo, Cassian Zerette.

Um caso incomum neste mundo, onde o primogênito quase sempre herdava o trono. Mas fazia sentido, considerando as circunstâncias.

A mãe de Ridon morrera ao dar à luz, e a concubina que assumira o posto de rainha deu à luz Cassian.

Determinada a tornar seu filho o próximo rei, a nova rainha garantiu o noivado de Cassian com Everia unindo a família real ao poder do duque de Oberon.

Agora, pense comigo:

O primogênito perde a mãe ainda criança, tem um apoio familiar frágil e perde sua única vantagem ao trono.

A bandeira da morte está tremulando bem diante dele.

Mas, feliz ou infelizmente, Ridon era astuto.

Reconheceu o perigo em que estava e começou a agir.

Por fora, parecia gentil e inofensivo. Por dentro, era veneno e cálculo puro.

Um verdadeiro “vilão de sorriso doce”.

Nessas circunstâncias, Ridon Zerette e Everia a noiva do príncipe herdeiro estavam fadados a se tornar inimigos.

Afinal, Everia humilhava Catherine, a mulher por quem Ridon se encantara.

Era natural que ele quisesse cortar todos os laços.


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outubro 13, 2025

Reclamei do meu amigo de infância e acabou dando ruim - Capítulo 04

Capítulo 04

(Uma dívida tão enorme…!? Se eu tivesse me casado sem saber disso, teria me metido em um grande problema――)

Eifa, com o rosto pálido, percebeu os olhares preocupados ao seu redor, mas Kiarlan não desistia de confrontar o jovem.

Então, se você pensava em se casar com Eifa, tem algum plano para pagar isso?

E-esse…

Ouvi dizer que você contou ao dono do bordel: “Em breve colocarei uma dama nobre para trabalhar aqui. Deve render muito dinheiro”… Quem era essa pessoa, afinal?

Kiarlan sorria gentilmente.
Mas, apesar do sorriso, emanava dele uma sensação de perigo profundo.
Mesmo Eifa, que não era alvo direto, sentiu um calafrio.
Quanto mais o jovem ao lado dela, mais impossível seria para ele se sentir seguro.

Kiarlan se aproximou do jovem e sussurrou em seu ouvido:

Não permitirei que você faça mais nada. Se não obedecer, desapareça agora mesmo.

O jovem soltou um pequeno grito e correu sem jamais olhar para Eifa.

(Ele se foi…)

Curiosamente, Eifa não sentiu tristeza.
O que passou por sua mente foi apenas como explicar tudo aos pais e conhecidos que a apoiavam.

…Desculpe, Eifa.

Ao ouvir Kiarlan falar, Eifa despertou para a realidade.

Kiarlan-sama…

Kiarlan olhou para ela, e o medo que ela sentira antes desaparecera, substituído por um semblante calmo, como sempre.
Mas nos olhos dele ainda havia preocupação, e Eifa acabou desabando no chão.

Eifa!

Kiarlan a abraçou apressadamente.

Está tudo bem, Eifa… Ele não vai mais se aproximar de você. Você não precisa se preocupar com nada.

Ele acreditava que Eifa estaria abalada pelo fato de quase ser vendida a um bordel, mas Eifa estava mais impactada pelo abraço de Kiarlan, algo que não sentia há anos.

…Eu cuidarei de você, não importa o que aconteça.

As mesmas palavras daquela noite antiga fizeram Eifa assentir sem perceber.
Talvez fosse isso que tornava Kiarlan tão intenso e determinado em protegê-la.

Agradeço por me proteger de pessoas com dívidas enormes ou que poderiam machucar mulheres… Mas hoje, senhor, foi demais!

Desde então, Kiarlan não apenas deixou de interferir na vida de Eifa, mas passou a intervir constantemente em seus compromissos matrimoniais.
Embora fosse grato por alertá-la sobre candidatos perigosos, algumas ações, como ameaçar o homem de hoje, eram exageradas.
Quando Eifa apontava isso, Kiarlan ficava emburrado.

Não é exagero. Como posso confiar a você um homem que não pode protegê-la?

Mesmo assim, poucos a protegeriam nessa situação.

Eu posso protegê-la.

Kiarlan olhou diretamente para Eifa e afirmou com convicção.
Ela não podia evitar se sentir perturbada por suas palavras.

Ele não falava para se exibir; realmente queria protegê-la.

Não se preocupe, Eifa. Eu cuidarei de você.
Sim! Se vier um lobo, eu vou derrotá-lo!

Eifa percebeu que, se estivesse na mesma situação, Kiarlan jamais a abandonaria.
Por isso, não podia falar com firmeza contra ele.

(Não devo me alegrar com as palavras de Kiarlan…)

Se continuasse assim, sempre compararia Kiarlan com os outros.
Não importava quão bom fosse outro homem, sempre compararia com Kiarlan.
Isso não seria bom para ela nem para ele.

…Kiarlan-sama, e quanto a você? Há rumores sobre você e várias damas…

Basta falar algumas palavras em um baile, e surgem rumores. São apenas rumores, não posso lhe fornecer o que deseja.

Kiarlan, herdeiro de um renomado ducado, belo e gentil, nunca se inclinou a nenhuma mulher, por mais admirável que fosse.
As jovens damas acham isso estonteante, mas Eifa deseja que ele escolha alguém logo, para finalmente encerrar seus próprios sentimentos.

…Entendi.

Eifa tomou coragem e falou:

Se Kiarlan-sama se preocupa tanto comigo, peço-lhe que encontre um marido adequado para mim.

…O quê?

O prazo é até o próximo baile da corte. Apresente-me alguém digno e, se não puder, nunca mais se envolva comigo.

Eifa, mesmo sentindo dor no coração, falou firme.
Kiarlan entendeu e disse tristemente:

…Talvez eu tenha te magoado sem perceber.

Eifa assentiu silenciosamente.
Agora, não havia volta.

Aguarde o baile da corte.

Eifa assentiu firmemente.
Seu primeiro amor finalmente chegaria ao fim.

Entre o pedido e o baile, Eifa deixou de se preocupar tanto com compromissos matrimoniais, e Kiarlan deixou de interferir.

Ela percebeu que agora poderia viver sua vida, sem ele atrapalhando, seja qual fosse o resultado.

Adeus, Kiarlan-sama…

Aquele que ela nunca deveria ter conhecido, seu primeiro amor eterno.


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outubro 07, 2025

Minha irmã mais nova é a vilã - Capítulo 01-3

Capítulo 1-3 — O Mundo do Jogo (3) 

 Após terminar nosso passeio diário, fui para o pátio central para treinar magia. Sem obstáculos ao redor, qualquer dano acidental seria mínimo.

Caron pediu para me acompanhar, mas desta vez recusei. Desde que decidi começar o treinamento, venho dedicando todo meu esforço à pesquisa do sem atributo. Finalmente, teoricamente, consegui elaborar um método que poderia funcionar. Mas a execução ainda era incerta e eu não podia colocar minha irmã em perigo por causa de um experimento arriscado.

Confesso que quase cedi quando ela me olhou com olhos marejados, mas resisti. Aquilo, pensei, é uma arma de persuasão por si só.

Ao redor não havia obstáculos, então era seguro começar. Uma das criadas, recentemente designada como supervisora, estava presente, mas não representava risco. Caso algo desse errado, eu tinha cartas na manga.

Era hora de usar minha primeira magia. Não posso manifestá-la plenamente, então tecnicamente não é magia segundo a definição clássica, mas isso é só um detalhe. Com meu conhecimento de vidas passadas, manipular mana puro já é mágico o suficiente. E, honestamente, estava empolgado.

O que eu tentaria agora era a Técnica de Fortalecimento Corporal. Como o nome indica, ela aumenta as capacidades físicas. O princípio é simples: canalizar mana para partes específicas do corpo e reforçá-las. É uma das poucas técnicas que funciona com qualquer atributo.

Na prática, essa magia não é de uso comum. É uma reserva de emergência não é confortável mantê-la ativa constantemente.

O risco é claro: se calcular mal a saída de mana, posso me ferir. Geralmente, isso ocorre porque o corpo não aguenta a carga.

Mas eu suspeito de outra causa: o problema está na definição vaga do alvo da magia. Se alguém simplesmente pensa “quero braços mais fortes” ou “quero visão melhor”, o conceito é impreciso. Pequenos aumentos podem causar danos.

Minha base para essa teoria? Conhecimento do jogo.

O protagonista do jogo usava a mesma magia, mas tinha efeitos mais potentes que os demais personagens. Ele mesmo sugeriu que o motivo era a quantidade de conhecimento prévio.

O detalhe é que o protagonista também era um reencarnado, como eu. Ele conseguia imaginar a estrutura do corpo com precisão e aplicava isso em técnicas como Cura (Heal) da Luz, mostrando que conhecimento influencia a magia.

Concordo com essa lógica: a magia, mesmo para sem atributo, depende da imaginação do usuário. Sem uma imagem clara, mesmo habilidades poderosas falham. Por isso, o treinamento enfatiza observação e visualização detalhada.

Quanto ao Fortalecimento Corporal, a falta de imaginação detalhada é provavelmente a causa dos ferimentos.

Se a técnica for aplicada corretamente, os benefícios são imensos. Testes teóricos indicam que é possível aumentar as capacidades físicas até dez vezes o normal. Em combate corpo a corpo, seria praticamente imparável. E se minha previsão estiver certa, até em batalhas mágicas teria grande vantagem.

Portanto, este experimento precisava dar certo. O sucesso ou fracasso mudaria meus planos futuros.

Respirei fundo.

A magia depende da visualização, então a mente precisa estar calma. Respiração profunda ajuda a estabilizar a mana isso é amplamente reconhecido.

Minha reserva de mana é mais do que suficiente. Desde recém-nascido, meditação e outros treinos me deram dez vezes mais mana que um mago comum da minha idade. Não havia risco de falta.

O único possível erro seria descuido na execução. Bastava concentrar e canalizar a mana corretamente.

Já havia completado a absorção e conversão da mana; restava apenas o projeto (Design).

Visualizei o corpo humano com precisão máxima: cada osso, cada fibra muscular, cada órgão. Trinta minutos de preparação e finalmente ativei o Fortalecimento Corporal.

O resultado?

“…Sucesso.”

Suando na testa, suspirei de alívio.

Meu corpo estava agora repleto de poder. Era uma sensação de onipotência, de que tudo era possível.

“Saí conforme o planejado… certo?”

O reforço foi apenas físico; não arrisquei alterar os sentidos, o risco era grande demais.

Tudo indicava que estava sob controle. Se a visão ou audição tivessem aumentado, minha fala poderia ter desestabilizado meu equilíbrio.

A primeira fase estava concluída; agora era hora de movimentar o corpo fortalecido.

“Primeiro, vou me agachar.”

Flexionei os joelhos, testando os movimentos.

Mesmo dobrando apenas o corpo, senti o impacto do fortalecimento: o chão cedeu levemente sob minhas mãos, mostrando a potência de um corpo duplicado em força.

“Preciso aprender a controlar a força enquanto uso a técnica,” murmurei.

O experimento estava indo bem, e meu plano de desenvolvimento tinha começado com sucesso. Mas havia muito a aprender; o controle exigiria tempo.

Ainda assim, desistir não era uma opção. A vida de minha irmã dependia disso.

Engoli qualquer fraqueza e me preparei para continuar o treinamento.


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